A Coleção de Azulejos do Palácio dos Condes de Anadia constitui um dos mais importantes espólios da família Pais do Amaral. Com o intuito de provocar o assombro e o aparato a quem chegava pela primeira vez, a azulejaria assume presença constante e demarcada um pouco por todo o Palácio.
Na Escadaria Real e no Salão Nobre decoram painéis setecentistas, em azul e branco, provindos da escola de Coimbra com representações mitológicas e venatórias que enaltecem o estatuto e o poder do Nobre na sociedade do séc. XVII e XVIII. No Salão de Baile, com cromatismos e concheados característicos do Rococó, revelam-se os painéis de azulejos de “O Mundo às Avessas”, uma peculiar iconografia que desafia o status quo da sociedade e onde figura o confronto entre os ideais da razão e a natureza.
Todavia, as salas mais pequenas (de receção, de estar ou de passagem) encontram-se decoradas com silhares de azulejo conhecidos como “azulejo padrão” ou “azulejo pombalino”. Esta azulejaria foi predominante na segunda metade do séc. XVIII, sobretudo no programa decorativo da reconstituição da cidade de Lisboa, após o terramoto de 1755 – Lisboa Pombalina, o que terá influenciado as mais importantes oficinas do país.
Com um papel importante, no que concerne à multifuncionalidade da decoração, o azulejo padrão pode apresentar policromia, maioritariamente em tons de azul, branco, vermelho e amarelo e ostenta a forma “padrão”, num carácter uniforme e repetitivo de diferentes motivos – estrelas, flores, entrelaçados, animais, entre outros. Atendendo à sua composição e adequação no e ao espaço, pode considerar-se que este azulejo assume a função desempenhada pela tapeçaria do séc. XVI, na decoração dos interiores. Não obstante, a padronagem permitia o próprio prolongamento das carpetes dispostas nas salas, proporcionando sensação de completude, riqueza e aconchego no espaço e um papel mormente social entre os presentes.